O consumo global de combustíveis fósseis continua com os dias contados, mesmo com o presidente dos Estados Unidos, o negacionista Donald Trump, fazendo tudo o que pode para dar sobrevida a petróleo, gás fóssil e carvão. No entanto, para que isso aconteça, os países precisam continuar (e aumentar) seus esforços para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, descarbonizando suas economias.
A tendência é apontada pelo World Energy Outlook 2025, da Agência Internacional de Energia (IEA), publicado na 4ª feira (12/11). O relatório mostra o carvão em seu pico ou próximo a ele, com o pico do petróleo previsto para seguir por volta de 2030 e o do gás por volta de 2035, com base nas intenções políticas declaradas pelos governos, explica o Carbon Brief.
As projeções da IEA, divulgadas no início da COP30, que tenta dar a partida em um “Mapa do Caminho” para eliminar os combustíveis fósseis (leia mais aqui), trouxeram alívio. Temia-se que o “agente laranja” pudesse tumultuar o trabalho da agência, pressionando por uma revisão a favor de sua sanha por produzir mais e mais combustíveis fósseis.
E não é que isso não aconteceu. A IEA estabeleceu três cenários no documento, sendo o pior deles o “Cenário de Políticas Atuais”, que considera o mundo sujo por fósseis de Trump, sem movimentos de descarbonização. Nessa perspectiva, a agência projeta que a demanda por petróleo sobe até 2050, informam Bloomberg, Wall Street Journal, Reuters e Folha. Isso significa que a temperatura média global pode subir cerca de 3°C até o fim do século. Traduzindo: Adeus, humanidade e biodiversidade.
O cenário mais favorável, de “Emissões Líquidas Zero até 2050”, é o que projeta os picos de demanda de combustíveis fósseis até 2030 (carvão e petróleo) e 2035 (gás fóssil). Ainda assim, a IEA diz que não será suficiente para limitar o aquecimento global aos 1,5°C do Acordo de Paris. No entanto, a ultrapassagem desse teto seria temporária, como já disse o secretário-geral da ONU, António Guterres. Desde que, claro, as ações de descarbonização continuem e cresçam.
No “Cenário Net Zero”, a agência aponta que o uso de energias não fósseis aumentará consideravelmente. As fontes renováveis continuarão sendo puxadas pela energia solar fotovoltaica, que crescerá 344% até 2035, seguida da fonte eólica, com aumento de 178% até lá. Mas, como nem tudo é perfeito, a IEA ainda mostra a expansão da perigosa (e cara) energia nuclear, que crescerá 39% até o mesmo ano.
Mais uma vez, o diretor-executivo da IEA, Fatih Birol, fez um alerta sobre a urgência da transição energética global. “Os sinais de avanço na transição não estão acompanhando a velocidade exigida pelo clima. Mesmo com mais investimentos em renováveis, a combinação de crescimento econômico e políticas tímidas ainda sustenta a demanda por petróleo e gás”, ressaltou.